A psicogênese da língua escrita, proposta por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, revolucionou o modo como compreendemos o processo de alfabetização. Em vez de ver a escrita como algo que se "ensina", essa abordagem valoriza o modo como as crianças constroem o conhecimento sobre a linguagem escrita por meio da interação com o ambiente.
Durante esse processo, as crianças passam por diferentes hipóteses de escrita, cada uma revelando avanços na compreensão do sistema alfabético. Veja a seguir as principais etapas:
🔹 Hipótese Pré-Silábica
A criança ainda não compreende a relação entre fala e escrita. Escreve com rabiscos, traços ou letras aleatórias. Para ela, o que importa é a aparência do texto, e não seu conteúdo.
🔹 Hipótese Silábica
A criança percebe que há relação entre som e escrita. Ela tenta representar cada sílaba com uma letra, mesmo que nem sempre corresponda ao som real. Exemplo: "BO" para "bola".
🔹 Hipótese Silábico-Alfabética
Nesta fase de transição, a criança mistura elementos silábicos com alfabéticos. Pode escrever "BLA" para "bola", mostrando que está se aproximando da escrita convencional.
🔹 Hipótese Alfabética
A criança entende que é necessário representar todos os fonemas da palavra com letras. Sua escrita se aproxima da convencional, embora ainda possa haver erros ortográficos comuns nessa fase.
💡 Por que isso é importante?
Compreender essas hipóteses permite ao professor respeitar o estágio de desenvolvimento da criança e propor intervenções mais significativas e eficazes. Ao invés de corrigir, o educador atua como um mediador que ajuda a criança a refletir e avançar.